Gravidez

Gravidez

Podemos descrever o processo de fertilização como uma viagem do espermatozoide para encontrar o óvulo.
Com a ejaculação, milhões de espermatozoides são depositados na vagina. A Organização Mundial de Saúde considera normal o indivíduo que possui pelo menos 15 milhões de espermatozoides por mililitro de sêmen. Quando os espermatozoides entram em contato com a vagina, encontram um meio extremamente hostil, pois o pH da vagina é muito mais ácido do que o do sêmen. É como se nosso gameta masculino fosse tirado do leite e atirado em suco de limão ou, se fosse um peixe de água doce, jogado no mar. A partir daí, a maioria dos espermatozoides fica imóvel ou morre. Passa a ser preponderante, então, o papel do muco cervical. Esse é o famoso corrimento que a mulher produz antes da ovulação. Muitas pacientes pensam que estão ovulando no dia em que aparece o muco cervical, mas na verdade essa secreção surge dois a três dias antes da liberação do óvulo e chega ao volume máximo no dia da ovulação.
O muco cervical escorre da cérvice para a vagina, formando uma lâmina de secreção, como se fosse uma cascata. O seu pH deve ser idêntico ao do sêmen, para permitir que o espermatozoide, assim que entrar em contato com ele, nade até o interior do útero. Mulheres que sofreram cauterização no colo do útero (queimaram
uma ferida) ou que tomam um famoso comprimido para induzir a ovulação podem secretar pouco muco cervical. Infecções também podem alterar o pH do muco e, consequentemente, afetar a fertilidade.
Continuando sua viagem, os espermatozoides que ascendem ao útero viajam até as trompas. No sentido contrário, a trompa ajuda o deslocamento do óvulo em direção aos espermatozoides. Eles irão se encontrar na metade da trompa, sua porção mais dilatada. Qualquer doença que obstrua as trompas impedirá a fecundação, causando esterilidade.
A mulher é mais seletiva, ovula uma vez por ciclo. Esse óvulo, uma vez liberado, só é fertilizável por um dia. Os espermatozoides, por sua vez, sobrevivem até dois dias no útero e nas trompas. Na prática, o óvulo pode ser fertilizado no máximo dois dias antes e até um dia depois da ovulação.
A ideia de que a ovulação ocorre sempre no 14° dia do ciclo menstrual é falsa; na maioria das mulheres ela varia mês a mês, conforme o ciclo, sem ter dia fixo.
As condições emocionais da mulher podem influenciar a ovulação, atrasando-a ou adiantando-a. Basta lembrar que a glândula hipófise, responsável pelos hormônios que comandam os ovários, está localizada no cérebro, sob a influência de estímulos cerebrais e substâncias liberadas durante o estresse.
A menstruação ocorre normalmente, de 14 a 16 dias após a ovulação. Essa é a fase fixa do ciclo menstrual. Se você quer saber em que dia ovulou, subtraia 14 dias do dia em que menstruou. Se menstruou no dia 20, é porque provavelmente ovulou no dia 6. Raramente as mulheres têm um intervalo fixo entre ciclos regulares. Quando têm, fica mais fácil prever o dia da ovulação.
Se o ciclo é de 28 dias: 28 – 14 = 14 (no 14° dia provavelmente ocorrerá a ovulação).
Se é de 26 dias: 26 – 14 = 12 (no 12° dia provavelmente ocorrerá a ovulação).
Se é de 34 dias: 34 – 14 = 20 (no 20° dia provavelmente ocorrerá a ovulação).
Depois da fecundação, o embrião formado é impulsionado pelas trompas até chegar à cavidade uterina, em um trajeto inverso ao dos espermatozoides. A implantação do embrião no útero ocorre provavelmente seis dias depois da fertilização. Se houver deficiência de progesterona, o endométrio, onde ocorreria a fixação do futuro bebê e da placenta, estará pouco desenvolvido, com poucas glândulas e vasos sanguíneos, frustrando o processo gestatório. De fato, há mulheres que produzem pouca progesterona ou cujo endométrio responde mal à sua ação. Isso diminui as chances de gravidez ou, mais frequentemente, provoca o abortamento no primeiro trimestre da gestação.

Embora se defina a infertilidade como a ausência de gestação após dois anos de relações sexuais frequentes, na prática a investigação diagnóstica deve ser iniciada depois de um ano de insucesso. Acredita-se que, ao longo desse período, 85% dos casais engravidam.
Em algumas situações, a investigação deve ser realizada antes:
Se a mulher tem mais de 35 anos.
Se já teve infecção nas tubas uterinas ou apendicite supurada (quando há extravasamento de pus para a cavidade abdominal).
Se a mulher apresenta sinais e sintomas sugestivos de endometriose: cólica menstrual progressiva em intensidade e duração, dores nas relações sexuais, útero retrovertido (desviado para trás), entre outros.

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